domingo, 24 de outubro de 2010

A Importância do Discurso em contextos de EaD


Uma das principais tarefas do professor online é facilitar o discurso entre todos os membros da comunidade de aprendizagem. Baseado em teorias construtivistas, o discurso é um poderoso meio de efectivação e integração das aprendizagens e de desenvolvimento do pensamento crítico.

O professor deverá ter uma presença constante que permita responder, ajudar, clarificar, enfim, apoiar os estudantes a compreenderem determinados aspectos que poderão suscitar dúvidas. Assim, não só o estudante individual se desenvolve cognitivamente como também se apoia a consolidação da comunidade de aprendizagem como um todo.

A comunidade electrónica de aprendizagem deverá possuir um forte sentimento de segurança e de confiança, sentimentos estes que em grande parte derivam da actuação e da preocupação do professor em ultrapassá-los. Uma forma de reforçar estes sentimentos é o professor criar espaços próprios para que os alunos falem um pouco sobre si próprios.

Acontece muitas vezes em cursos online, que a dependência excessiva dos alunos em relação ao professor, torna a aprendizagem aborrecida e pouco estimulante. Em vez disso, parece ser positivo e criar níveis mais elevados de motivação e de satisfação junto dos estudantes, quando existem nos grupos de discussão alunos moderadores da mesma (Rourke & Anderson, 2002 cit. por Anderson, 2004). Contudo, como os alunos não possuem competências de nível superior para moderar discussões, a intervenção do professor é especialmente útil nas primeiras intervenções.

É preciso não esquecer que a dependência que os formandos mostram ter em muitas situações em relação ao professor advém do facto da formação anterior se ter desenvolvido em contextos tradicionais de aprendizagem, baseados em teorias behavioristas. A adaptação a novos ambientes de aprendizagem, nomeadamente em EaD, apresenta algumas dificuldades em especial no que respeita à utilização das novas tecnologias, mas que uma vez ultrapassadas em nada interferem com as aprendizagens desenvolvidas e com as competências de comunicação necessárias para a construção dessas aprendizagens. Muito pelo contrário! As NTIC podem ser grandes potencializadoras do diálogo e da construção de verdadeiras comunidades de aprendizagens, desde que correctamente utilizadas e exploradas.

Bibliografia:

Anderson, Terry (2004). Teaching in an Online Context. In Terry Anderson & Fathi Elloumi (Eds.) - Theory and Practice of Online Learning. Athabasca University, 2004. Disponível em http://cde.athabascau.ca/online_book/ acedido em 25 de Abril de 2010.

A Presença do Professor Online

A concepção e a construção de um curso online, das as actividades que o integram e o planeamento da avaliação constituem o primeiro momento para que o professor comece a estabelecer a sua presença de ensino.

Através da negociação de tarefas ou de conteúdos entre professor e alunos, permite satisfazer as necessidades individuais de aprendizagem que caracterizam cada estudante em particular. No entanto, é sempre necessário que o professor motive, oriente e apoie a aprendizagem de forma personalizada. É de uma importância extrema que os alunos se apercebam não só das competências e conhecimentos que o professor detém numa área específica, mas que se apercebam também do seu entusiasmo e da sua motivação pessoal.

Salmon propõe um modelo para o professor online. Este processo inicia-se quando o professor motiva os seus alunos normalmente ajudando a resolver questões técnicas ou sociais e propondo que os alunos falem um pouco sobre si próprios. O processo de socialização deve desenvolver-se através da "construção de pontes entre os ambientes culturais, sociais e de aprendizagem (Salmon, 2000:26 cit. por Anderson, 2004). O professor deverá promover a aprendizagem através da moderação de discussões entre alunos e intervir quando lhe parecer necessário, por exemplo, quando os alunos têm percepções contrárias ao que é esperado. Através do trabalho individual ou colectivo, os alunos constroem o seu conhecimento elaborando artefactos ou projectos que os ajudem nessa tarefa de aprendizagem. Na fase de desenvolvimento, os alunos são autónomos e responsáveis pela sua própria aprendizagem.

O modelo de Salmon é um instrumento útil para ajudar os professores a planificar as actividades e os conteúdos de um curso online. Não é, no entanto, um instrumento inflexível. Este pode, e deve, ser ajustado às necessidades e às competências particulares de cada comunidade virtual de aprendizagem em particular. De outra forma as aprendizagens não fariam grande sentido para os formandos. É sempre necessário adequar as aprendizagens às necessidades e às competências já desenvolvidas pelos alunos para que estas façam sentido no contexto individual de cada um, mas que sejam aplicáveis e façam todo o sentido em todas as dimensões da sociedade (política, económica, social, cultural...) na qual os alunos estão inseridos. Este será, talvez, o primeiro passo a dar para motivar os alunos na construção das suas próprias aprendizagens.

Bibliografia:

Anderson, Terry (2004). Teaching in an Online Context. In Terry Anderson & Fathi Elloumi (Eds.) - Theory and Practice of Online Learning. Athabasca University, 2004. Disponível em http://cde.athabascau.ca/online_book/ acedido em 25 de Abril de 2010.

Comunicação, Cooperação e Colaboração


Sabemos hoje que a comunicação é essencial para a construção do conhecimento, especialmente a comunicação através do diálogo, da negociação ou de discussões entre pares, mas também entre alunos e o professor. A aprendizagem perspectivada como um processo social (Vigotsky, 1978) ajuda a promover o desenvolvimento de competências sócio-cognitivas, cada vez mais valorizadas na nossa sociedade, através do que o autor designa por Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, a possibilidade de um indivíduo beneficiar com a capacidade de outro indivíduo (colega ou professor) que esteja num patamar de desenvolvimento cognitivo mais elevado. A utilização de várias ferramentas disponíveis na Internet também possibilitam este este processo de comunicação através de salas de conversação, de ligações telefónicas, de videoconferência entre tantas outras.

Cooperação e colaboração são dois conceitos muitas vezes confundidos. Embora os seus significados sejam muito semelhantes existem diferenças que os caracterizam. De acordo com Henri e Rigault (1996), as abordagens cooperativas são aquelas desenvolvidas no seio de um grupo, cujas actividades ou tarefas são desenvolvidas e realizadas por cada elemento do grupo individualmente enquanto que, e a diferença reside aqui, em abordagens colaborativas as actividades são realizadas em conjunto pelos menbros do grupo utilizando-se (e desenvolvendo-se) competências de comunicação. Por este motivo, é imprescíndivel que o professor oriente o trabalho dos alunos para se tirar partido ao máximo da interactividade entre pares, implicando a negociação das aprendizagens e a responsabilização das actividades desenvolvidas.

 
Nas mais recentes abordagens educativas, tem-se vindo a defender cada vez mais a teoria do construtivismo social que permite aos alunos construir o seu conhecimento de uma forma activa. Pretende-se que estes modelos de aprendizagem se centrem na comunidade de aprendizagem deixando para trás a transmissão de conhecimentos veiculados do professor para os alunos que não permitia uma verdadeira apropriação do conhecimento. Assim, através da aplicação de abordagens construtivistas, o aluno pode relacionar os conhecimentos que construiu e as competências que adquiriu e desenvolveu com as suas próprias experiências e com a visão que tem do mundo. Isto significa que os conhecimentos que constrói não são desprovidos de conteúdo ou de significado, mas que estão de acordo com a realidade que o rodeia. As abordagens construtivistas sociais apoiam-se fortemente na promoção do diálogo e de discussões, assim como da negociação das aprendizagens. A troca de ideias é fundamental para a construção do pensamento de nível superior.

Bibliografia:

Carvalho, Ana Amélia Amorim (2007). Rentabilizar a Internet no Ensino Básico e Secundário: dos Recursos e Ferramentas Online aos LMS. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 03, p. 31. Consultado em Junho de 2010 em http://sisifo.fpce.ul.pt/